2.4.07

Há um lugar para nós


















há um lugar para nós enquanto tomo nota. não gosto do que escrevo. não escrevo para que me leiam, ela disse para o gravador ao meu lado. se acharem que isso é mentira, não vou mudar minha vida para contar o que eu acho que seja verdade. escrevo para mim. segundo minhas necessidades. para que uma voz me acompanhe até o final dos meus dias. não vou escrever melhor. escrever o que não posso. escrever pouco como se estivesse à beira de muito. ser mais uma falsa discípula de prepúcios russos, uma utilidade pedagógica. o corpo de evita está na lua e de qualquer forma o leitor se aproxima dos livros bonitos pela frente, dos feios, por trás. meu editor, com sudorese de porsche, diz que sempre há público para relatos enojosos de pequenas emoções domésticas. o meu caso. que um livro errado pode dar certo. e o certo dar errado. eu confio no meu editor, ele tem 1 giga de memória e administra bem minha inibição de competitividade. há um lugar para nós enquanto tomo nota. até o final do ano serás traduzida em seis idiomas. amanhã me mudo da sacadura cabral.