O certo é que minha única curiosidade
neste exato momento é observar até onde este café preto vai
parar dentro de você. Como no dia em que vi você chegar. E o abacate
fez tum. Meu peito aberto em melancia. A vida pedindo mais um
ombro. Um colar, um torcicolo, uma jugular. O pescoço de todo mundo é assim.
Com uma diferença de segundos. Não tome isso como uma vontade absoluta, eu
mentiria até sem falar. É só para não deixar passar mesmo nada. O que não
diminui o valor de sua boca. Seria estupidez da minha parte. Nunca tivemos
gostos iguais. Olhos compostos. Qualquer coisa que dissessem modificava a sua
vida. Seus pais, os amigos, o século I, o açougueiro. O que diziam os moídos
dizia também o seu coração. E o que pode parecer minha amizade toda por você é
apenas uma linha de coisas entre as quais estou. Uma vez ou vindo ainda. Aquela
bobagem em que caímos na meia hora completa de uma noite. Só faltou datarmos as
cartas. Ninguém sabe que lhe escrevi uma carta delicada como esta, que não lhe
mandei. Se hábitos são o assunto, bom é ficar calada. Fumando sorrindo e
cansada. Sei que um dia serei velha, mas até lá estaremos mortas. Sobraram os
poetas que você citou.