25.8.17

pleasures




pleasures 
how lose much from co
omething to love an
kind I respe
e not calculated t
and consequently
unhappy situation
ide in a mother
her moans and inarticu
th a mournfoul smile
followed these words












Benassal





sentada no banquinho giratório, 
belisco as teclas de um piano para billie cantar. 
estamos na sede de um clube em benassal. 
ela canta baixinho you go to my head. 
no prédio bombardeado 
restam o piano e nós,
as bolhas avelãs de uma taça de champanhe.  











23.8.17

O século XXX vencerá (esparsos)



#

enfiar na mochila
um livro
um trapo
quatro cartelas de xanax
por cima, la beretta


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achei que com meus óculos espelhados
a pessoa ia parar de me olhar 
que nada
como gosta de se admirar

#

your song makes me want to wear all black, 
drink jack daniel’s coffee, 
and smoke a pack of gauloises 
at a run down gas station in butterfield, missouri, 
while I stare coldly at some crude oil stains under my feet



sentindo uma fragrância de patchuli pela casa em horas inusitadas, 

um espectro hippie deve estar tentando se comunicar comigo.


#


conclusão da manhã. hilda hilst era tarada.


#

Olhando demoradamente as Laranjeiras. 

#

De quem era o número de telefone 2913853 que você escreveu em AZUL 0.8 

no índice do meu Mário e que só descobri agora?

#   

Não entendo pessoas que saem do consultório do psicanalista gargalhando 
e tagarelando (entre elas, não sozinhas) como se estivessem no shopping. 
No meu tempo, os neuróticos eram circunspectos e sorumbáticos. 

#

Protestos.

Um povo que troca a carabina por ovo não pode ser levado a sério. 



#


Gosto de leilões de arte e antiguidades. Costumava haver nesta cidade. 
O scotch era liberado: bêbado o público, a carteira afrouxa. 
Eu só arrematava tranqueira. 
Uma bengala para o futuro. 
Uma pintura de uma rua bucólica da velha Innsbruck. 
Um quadro enorme de uma alma torturada e borrada. 
Me apetece o objeto do desejo de ninguém.


#

passeios pirilampaicos



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"O século XXX vencerá."   (Maiakóvski Veloso)








22.8.17

O poeta se rende






O amigo chega por trás, curva-se e abraça o poeta. O poeta sentado. Lentes embaçadas, ele abaixa a cabeça. O abraço, uma gravata. Não a "gravata chamejante de Neruda", consideração do poema. O braço direito do amigo aperta seu pescoço. O poeta se rende. Nada faz além de proteger a garganta com o queixo. A velha garrafa de Antarctica espera que o calor passe. À mesa, três copos sujos vazios. Guardanapos. Ao lado direito do poeta, um bloco comanda para anotações de apoio. Daqui não podemos ouvir o que o amigo diz ao seu ouvido. Há um rastro de sorriso nos lábios do esganado. Uma garrafa de vodca evapora. Não nos deixa ver seu rótulo. O que o poeta está fazendo com as mãos ocultas pelo vidro. E o que vejo como sombra pode ser líquido derramado, rotina das mesas. Eles não se parecem. Se eu estivesse no poeta, não pensaria no abraço, no amigo, naquele afeto noturno e confessional, pensaria nas garrafas tão secas, quanto tempo demoraria livrar-me daquele humano calor nas costas que me imobiliza. O suéter de lã que envolve os ombros do amigo pinica meu rosto e o que passa por perto. O poeta não se importa, são palavras carinhosas o que ouve. Profundamente romântica, a gravata não cede. São minutos intermináveis de suor e de mil novecentos e oitenta e dois. De mangas arregaçadas. Estamos na casa de alguém, onde se bebe barato e se cai no sofá indiferente mais próximo. Não há nada nas paredes que a mesa prende. Outro amigo fuma e procura não ouvir o que poetas ouvem. Ele ouve um caminhão azul que passa na estrada de um filme de Duras. O céu pálido dos invernos. O caminhão aparece e desaparece. Não há uma linha. Transporta corpos. Eu subo no caminhão. Meu bloco está em branco. A falta de ar está em branco. Eu ainda sorrio aos conselhos dos que sussurram. 















20.8.17

Et vous





Ele sentou ao meu lado no balcão:

"Sou amante da pintura, de ler em francês,
de Dastaiévski, Púxkin e Pâsternak,
adóro música clássica, tôdos os gêneros,
leio Cortáçar, Lhôssa e Nerúda. E vu?"

"Isso tudo é pra eu comer o seu cu?"







Does





                       Does







10.8.17

Destined to





I am destined to
illuminate you by
burying myself down






Linfa






O teu cão me espera na capela
essas pedras cobertas de limo
o sol de inox em tua mão
cega-me quando entro
& toda névoa explode 

num beijo linfa e doce








Quando meu cachorro não puder mais andar





vou comprar um cavalo pra ele






Depois que saiu do armário





Depois que saiu do armário

emburreceu.
Acontece.






Tenho uma superstição




a de que o seu poema é bom









Transsomething





transsomething