23.4.19

O merde alors!





Não havia mais controle intestinal. Pouco saía de casa. Recebia visitas. Com licença. Fecha a porta. A conversa continua. Cólicas. O basculante. Eu gosto de Hedda Gabler com Ingrid Bergman. Eu prefiro com Glenda Jackson. Dá a descarga. Fica lendo Luluzinha Gabler até o fim da história. Se tivesse sido um gênio como Ejlert, teria compreendido o verdadeiro valor da vida. Pega um Superman. Os dois são nossos filhos, eu os amo igualmente, mas dói saber que Kal nunca terá superpoderes como seu irmão Jor. Estampido de rolha de vinho. Sua cadeira preferida na cozinha não está mais vaga. Sorri. Não aceita o amendoim. Fala Glauber em vez de Gabler. Sorriem. Esforça-se para lembrar da cozinha de Ugo Tognazzi em La grande abbuffata. Vai até a sala e abaixa o som dos violinos da Cavalleria rusticana. Atende o telefone. Olhos não vêm pelo corredor. Uma gota de suor, a leve irritação. Remorde as unhas. Poderia chover. E chove. Não fecha a janela. Estica o corpo e deixa a cabeça molhar. Uma pequena aranha sobe pela teia e se esconde. Não mata. Acompanha desde o primeiro segundo até este. Um garoto passa correndo pela margem do canal, skate na mão -- o futuro Jagannatha. Parapeito empoeirado. Suja a blusa. Tira uma foto da chuva. Imatura e precipitada. Engole outro comprimido. Superman, estamos morrendo de sede, você precisa nos deixar beber essa água. Eu vou queimar o teu filho, Thea. Agora e para o resto de minha vida. Vamos almoçar? Estou sem fome. Retorna. Almoça. Há muita fartura de pão na casa do meu Pai. Pródiga, troca palavras. Uma bugiganga de letras. Dá um trago no vinho licoroso. De que país se trata? Limpa a boca. Dá a descarga. 







21.4.19

The lark ascending




por que você não enfia esse rojão no cu?, obviamente ele não ouviu essa frase porque o rojão estava estourando. eu costumava ofendê-lo nas ocasiões em que o barulho externo encobriria a minha voz. um dos segredos de um casamento duradouro. porque, entenda, pensar mal não adianta muito, alguma hora as veleidades precisam ser articuladas em alto e bom som. ele não ouvia nada e eu ficava aliviada por ter liberado coisas há muito engasgadas. claro que isso não resolvia os problemas, só que abandoná-lo era um x que eu não queria calcular. toda noite também, já na cama pronta para dormir, eu elaborava roteiros diferentes em que eu o matava sem piedade. de diferentes engenhos possíveis. por fogo, ar, água e terra. enquanto em silêncio eu ia rodando a cena em minha mente até o desfecho, um sono acolhedor me embalava para o dia seguinte. eu acordava então sem olheiras e muito bem-disposta. tomava um lauto café e saía para minha caminhada com os cães me puxando. depois trabalhava o expediente doméstico inteiro sem pensar no mundo e na vida. à noite ia para as redes sociais pregar mentiras. fazer-me de tola. enunciar opiniões que eu não tinha, ou que tinha mas deixava de ter no minuto seguinte. se eu falasse verdades, receberia ofensas que não tinha paciência nem talento para revidar. e o que era verdade para mim?, eu não fazia a menor ideia. meus pensamentos eram uns retalhos que eu costurava para me distrair. não sem aborrecimentos ocasionais. inconclusões. idas e vindas. lembranças inoportunas e insípidas. fatos desbotados. pessoas que conheci e já morreram para a realidade em que eu vivia ali sozinha e longe das desgraças globais que todos compartilhavam sofregamente. o mundo é uma merda mas leio livros. livros que reafirmam essa concepção das coisas. não reuni até hoje evidências suficientes que me provem que o mundo não seja uma merda. pois bem, tem o sol, tem o céu, o mar, plantas e animais. paramos por aí. e a música que estou ouvindo agora para inspirar minha fome, The lark ascending. uma amiga traiçoeira diria: tem o sexo também, e mencionaria meu nome para envolver-me emocionalmente na conversa. eu olharia sério para ela e soltaria uma argumentação científica para rebater a sua ideia esdrúxula sobre as vantagens do sexo. ela não entenderia nada porque eu falava por fórmulas, depois daríamos um gole no uísque e mudaríamos de assunto. como o meu jardim estava bonito, por exemplo. fulano chegou de viagem. meu filho ganhou uma bolsa, vai estudar em copenhague. que ótimo. bem longe de você, eu pensava. estou vendendo sacolas ecológicas temáticas, sabe, a vida está pela hora da morte. ela estava querendo me convencer de que sustentaria o filho em copenhague vendendo sacolas. eu sorria afirmativamente. gosto de dar força ao livre empreendedor e suas técnicas de sobrevivência num cenário hostil. ofereci-me para ajudá-la no que fosse possível, com o dinheiro do meu fulano, lógico, porque eu não tinha um tostão. ele sem dúvida ficaria feliz com o encargo porque admirava as técnicas de sedução da minha amiga não era de hoje. nunca tive ciúme. desde que pastasse longe da casa que habitamos. fico pensando se esse não seria o motivo de ele soltar tantos rojões. uma mania que nunca entendi. em datas comemorativas e não comemorativas. a qualquer hora do dia, do mês mais insosso. devia estar celebrando a sua liberdade, o meu pouco caso, e/ou nenhum, que lhe poupava sentimentos de culpa, ou quem sabe o seu desejo inconsciente mais oculto fosse instilar uns decilitros de ódio na minha veia máter para eu aprimorar a última cena em que ele, glorioso e sanguinolento, agonizava no colo de sua lady macbeth que mata sem sujar as mãos. estou sentada aqui por tempo demais, o corpo me dói, preciso preparar o jantar e finalizar minhas confissões do dia. minha mão, um pouco dolorida. escrever a lápis é um bom exercício. meus metacarpos são de primeira. conservam ainda a agilidade da adolescência quando eu cortava a bola na cara das rivais. jamais ganhei uma taça. pena. mas cortarei umas cenouras agora para a sopa. meu fulano detesta sopa. enquanto a preparo desenvolvo os diálogos que me levarão ao assassinato de hoje. será uma noite repousante. 



17.4.19

Volta já


O dia em que parei com ela na esquina da Graça Aranha e olhamos livros na vitrine eu com um boné branco para que não me saltassem os miolos pelo crânio com medo de que chovesse no quarto e não conseguisse aparar todas as goteiras a sensação de pânico de volta como da primeira vez o deslocamento do eixo psíquico não saber quem sou não posso falar com ninguém me faz mal coração acelera dor de cabeça primeiro sintoma ésquilo eurípedes sófocles você levou os três para casa não que eu tivesse recomendado sugerido se pelo menos a chuva parasse o tempo encolhe não cabe mais em mim você manda uma mensagem está lendo jack london e eu sei que é mentira o lápis vai acabar a luz vai acabar as meias de frio preciso escrever até passar até passar se a chuva for embora vou me sentir melhor ela não para em que trecho de london você está em que frase em que semáforo mas você não responde porque não é verdade esse 8 de agosto essa terça-feira de ano nenhum na esquina da Graça Aranha e dos livros que roubei na vitrine pra você o filme que contei das garotas internas no buraco dos castigos e cabelos raspados a freira de tesoura na mão e jack london ficou careca e nós rimos das 9 às 18 batemos o ponto de volta ao metrô minha estação antes da sua desci na igreja do largo comi séculos de esfihas desenhei nas paredes a água desmanchou e tive de aparar as letras os traços que fechavam o barco pronto para partirmos o seu telefone não atende a sua dipirona não atende meus ouvidos não silvam eles chiam eu corrigi para chiam e você leu dando de ombros tanto faz se for eurípedes 2019 ou a gaiola de mortal combat no jardim do jardim de infância e você estava lá puxando o meu cabelo tirando notas máximas porque eu só olhava para as janelas o sol e os canos de descarga nós fumando no banheiro saias azuis levantadas e molhadas de chuva eu não quero decorar datas eu disse quero aprender a pensar você disse eu não sei o que é pensar nós completávamos o pensamento uma da outra me dá sua mão a minha está fria não importa põe aqui e o seu coração era todo meu na vitrine da Graça Aranha todo o seu corpo a biblioteca nacional em chamas o seu beijo de gosto impreciso o seu rosto operado eu assistia e chorava colocava uma flor dentro de você e ia embora porque precisava aparar goteiras degolar o medo engolir as cápsulas e dormir escrevendo as mãos vazias fazendo o movimento do lápis no barco espalhado no chão não sei que horas
que horas são
que horas
que são
os cães dormem
você dorme
eu a casa empapada
calmaria e braços de volto já





8.4.19

Colônia de Alienadas



Chegamos no Pinel, lotação esgotada.
Minha mãe me levou de volta pra casa
porque não ia mesmo pegar um trem
pro Engenho de Dentro e perder a praia.

Enfiei o sorvete no castelo de areia e lambi.
Não é que ficou bom?








5.4.19

Alma


Rott acorda como é da natureza de todo animal. Chuta as cobertas e ao passar na direção do banheiro dá uma olhada pela janela. O pai entra no carro e parte. A mijada é rápida. Corre para o escritório. O velho passa as noites escrevendo e nem olha mais na minha cara. Procura. Gaveta 1. Gaveta 2. Pasta vermelha. Senta na cadeira dura, almofada encardida. Segura os papéis com mãos firmes. Vou ter o dia inteiro para fazer isso, mas quero saber agora. Põe um mentolado do pai na boca. Porco.

Folha 1

Vontade de potência reduzida às necessidades fisiológicas mais elementares. Se eu ficar aleijado, o garoto não presta nem para limpar minha bunda. Mal entro em casa e ele se tranca no quarto. Não vai mais ao colégio nem toma banho. A cera escorre dos ouvidos feito santo derretendo no fogo das velas. É macabro. O humanoide que fizemos por amor.

Aprendi a fritar batatas. 2 tentativas fracassadas. Viuvez é lembrar dos mínimos gestos dela. Ficaram boas. Não iguais. Ela sorri. Eu sei que sorri.

O técnico da loja disse que meu relógio estava morto. Me espantou o seu tom de cúmplice confirmando o óbito para um assassino: eu.

Rest In Picture – dormi ontem com uma foto de Leonor sobre o peito.

O garoto não me dirige a palavra desde o enterro de Leonor. Foi nesse dia que parou de tomar banho. Não nos olhamos.

O irmão de Leonor passou aqui um dia depois do enterro. Sabe da minha situação. Quer comprar a casa para instalar-se aqui com a família. Mais espaço para os filhos. Jardim. Eu poderia ir morar num apartamento pequeno no centro. O garoto gosta dele. O irmão dela brinca mas não quer saber. Não vai tomar para si esta responsabilidade. O garoto se ilude. Eu poderia ter pena. Estou oco. Vou dormir.

Folha 2  

Escrever para lembrar. Não. Escrever para calar. O meu corpo se esboroa.

Saí com cheiro de roupa guardada ao lado da dela.

Ontem o moleque trouxe uma namorada aqui. Chamada Eluama. Não sei por me dizerem, nem fui apresentado, mas porque ele deu um grito de madrugada e ela fez aaah. Se não for o nome dela é uma música. Ficaram trancados o tempo todo. A garota tem marcas vermelhas ao longo dos braços. De manhã nem vi saírem. Leonor se preocupava com drogas. Por mim eles podem sobredosar-se à vontade. Não conto isso a ela.

Preparei um suco de tangerina com uma pitada de gengibre e gelo até a boca, sem vodca. Acompanhei à parte com gim puro num copinho de cachaça. Coloquei o DVD de um show do Simply Red e dormi relaxado. Era o seu show preferido.

Folha 3

Vendi 2 apólices hoje. Foi até um dia de sorte. Não dou 6 meses e a empresa fecha. O dono torra tudo e se recusa a vender o seu apartamento em Paris para cobrir as dívidas. Só demite. Na equipe tem 4. Trabalho 12 horas por dia. Pedi emprestado para sepultar Leonor. Vou ter de vender a casa mesmo, mais cedo ou mais tarde.

O garoto hoje berrou a noite inteira ouvindo música nas alturas. Tranquei minha porta. O telefone tocou várias vezes. Não atendi. Qualquer dia desses os vizinhos mandam a polícia. Vou pedir um atestado de surdez para Paulo amanhã. Talvez o levem em cana se acharem drogas. Ele já passou dos 18.

Não tive filhas. Agradeço a Deus por isso. O mundo é muito cruel com as meninas. Leonor era da mesma opinião.

A gravata e a camisa social azul que usei no dia do enterro. Sumiram.

Folha 4

Tirei a noite para começar a ler o romance de um amigo escritor. Ele me cobra isso desde o lançamento, no ano passado. Não tenho paciência para romances, prefiro biografias de superação. Estudamos juntos desde pequenos. Quando virei corretor, ele perdeu o interesse. Perdeu Leonor também, para mim. Por isso escreve romances. Ela me chama de bobo e balança a cabeça. Sinto um arrepio de prazer.

Não passei do segundo capítulo e fui lá fora para o jardim ver a noite. Sento no nosso balanço. Plantas frias. O que será que ela está pensando agora? Eu não posso amar o que ela ama. Não tudo. Leonor um dia amanheceu doente. A névoa baixa no amplo espaço do jardim. Balanço devagar e com desespero.

O globo terrestre que Leonor me deu. Seu primeiro presente. Sumiu.

Folha 5

Rott quando sai deixa o quarto trancado. Não posso ver se a gravata, a camisa azul e o globo terrestre estão lá dentro com ele. Só quero saber dessas três coisas. O que é dele não me importa. Meu pai também era assim. Nunca me beijou. Preciso ser honesto ou me perco.

Amor não se transfere. Leonor nunca entendeu isso. Nem na hora de morrer, quando me pediu.

O que mais me assusta é o tempo que tenho pela frente. Eu a procuro dentro de casa e ele tira a venda dos meus olhos.

Missa de 1 mês de falecimento. Meu cunhado e sua família. Duas amigas de Leonor do centro de alpinismo. Dois vizinhos. Meu colega do trabalho. O escritor. E Paulo. Rott não apareceu. Deixei um bilhete na mesa da cozinha ontem. Amanheceu em pedaços. Joguei na lixeira e tomei meu café.

Sim, gostei muito do seu livro. As chaves do abismo, que título formidável. Eu te telefono outra hora. Obrigado por vir.

O cunhado vai passar amanhã para fazer uma proposta pela casa. Andei procurando nos jornais um apartamento em conta para mim. Preciso comprar e que me sobre ainda algum dinheiro. Para Rott também, cuidar da sua vida como bem entende. Os jovens precisam de liberdade. Não de um pai.

Paulo gargalhou no meio da missa com a história do atestado de surdez.

Folha 6

Cheguei em casa às dez da noite muito cansado. Tudo em silêncio, embora o garoto estivesse no seu quarto. Desabei no sofá e fechei os olhos por alguns minutos. Ao abrir, vi Rott na minha frente. Esqueci isso aqui, ele disse pela primeira vez. E apanhou na mesa de centro o que julguei ser umas cordas coloridas. Minha vista estava embaçada. Você é alpinista agora também? Ele não respondeu. Leonor escalava com suas amigas todo fim de semana. Nunca me preocupei, ela era profissional e muito cautelosa. Como um sanduíche e vou para a cama. O garoto tem se alimentado e parece que voltou a tomar banho. Uma toalha molhada no chão do banheiro. Não pego.

Folha 7

Encontrei aqui perto um apartamento na rua...


Rott devolve o maço de folhas para a pasta. Toma um café, põe a gravata, veste a camisa azul e se enterra na bem aparelhada oficina de marcenaria do pai. Procura. Ele tem o dia inteiro para fazer isso. E 3 planos desenhados na cabeça. Falta escolher. Ao seu lado uma cópia do Liber Sententiarum Inquisitionis com ilustrações. Um manual de mecânica. As cordas da mãe quando o levou ainda criança para subir uma montanha inexplorada na Serra da Boca. Você foi corajoso, meu menino, e viemos abraçados até o acampamento. Na barraca, antes de dormirmos, ela me beija, apaga o lampião e sussurra no meu ouvido: Lembre-se, meu querido, uma corda deve ter uma alma sem falhas.




3.4.19

O circo




"Fica quietinho aí e para de lamborghini." Foram as premeiras wordas que lembro de faifai me atropelar. Um dia olhei pro meu lago no berço e não tinha mais mãe, só aquele estrume de álcool na sala. E ele me embalava, me embalava, e sacudia sacudia e desembalava. Fedia a pigarro. Cantava assim comigo no colo: "Onda Onda vai com as Onda." Meu patrão diz que o velho queria é me despachar. Pitamos juntos eu e meu chefinho depois de todo almoço no almoxerifado. Naquela camaradagem. Ele me bota no colo e diz, Tenta ati, vamo brincá de encantador de marioneta. Fico de costas pra ele que fica me sacudindo sacudindo pra cima e pra baixo. Abro e fecho a boca cantando A dona é móbile pela boca dele. É o exercício que faço antes do turno da tarde. No platão da noite tem mais. Chego na minha ratoeira já podre dos ossos e me estiro na cama de cachorro-quente. Pança cheia. Manhã tem mais. Ganho pouco mas sou artista, o chefinho convenceu pra mim. Fim do ano tem circo e ele vai me jogar lá. A atração do picadeiro. Da jaula do leão. Do lombo do elefante. Faifai ia ficar forgulhoso de mim, sendo o elefante que é, agora aposentado. Vive na frente da tela, que fuça e ronca. Bebe de um galão. Come mais não. Um dia catapum e quero vê. Meu ovó era do circo, não elefante como o meu fai. Pipoqueiro. Sacudia sacudia o milho na panela fervente. Da pipoca fez essa ratoeira pra gente morar. Deu uns mês levou minha mã embora com ele pro fundo do lago do meu berço. Tenho arrazoado disso. Vou casar não, senão o ovó volta e me rouba também o berço novo. O chefe disse que tenho que me comportar como um animal pra já ir treinando pro circo. Agora chego em casa dou coice e mordo o velho do nada. Ele até gosta. Pulam umas cracas do corpão dele que junta tudo no chão da sala, varro tudo nos feriados. No meu canto nem é bom entrar, aviso logo ao que chega e não chega. Tenho ciência de cada entulho e mal posso entrar eu, encolho a barriga e passo com folga. Hoje tô triste e me cato a noite inteira pensando assim na tristeza do que é. Lambo as patas, afio as garras na poltrona do velho. No circo há de ser milhor. O futuro é uma lona do tamanho do mundo. O chefe tá certo, aquele filho da puta, o que dizem lá no trabalho. Ele é domador lá. Meu lombo tá todo lanhado. Isso é o que ele pensa se vou deixar por isso mesmo. Quando meu corpo de leão tiver pronto, ele vai suar se entrar na minha jaula. Sei chegar de mansinho, ninguém nem vê o rápido mesmo e nhaco. Cachorro-quente é muito mais gostoso. Dou um bocejo bem aberto e vou me aninhar no sonho onde estou fugindo. Corro sem parar. É tudo verde e vou ficando verde também. O lago tá lá embaixo, muito alto. A água verde chega a brilhar de sol. Eu pulo.