28.9.13

Para deixar Roma como ela é




Preciso reler Piva
Re-sentir
Fazer das panquecas recheadas de desgosto
Torradas francesas embebidas no sangue
Fritá-las
Pernilongos me entristecem
À beira-mar ou num quarto escuro
Cheirando a pirarucu com dendê
Onde clico em OK
Para deixar Roma como ela é
Com seu monstro de bronze retorcido
Que me faz esquecer o que ele quiser
Suas mãos purificadas com sabão de azeite de oliva
Eu não costumo ter certezas
Certezas pegam o avião para o mais próximo sul
E sentam ao meu lado
Me imprensam na poltrona do meio
Gordas como finais de dezembro
E seus maridos filósofos
Vão a Roma 
Aos presépios assados com Tortelli di Zucca
Pernilongos me entristecem
Se aglomeram e se extasiam
Porque a vida em tudo está metida
Nos teus braços
Nos envelopes sem cartas
Num rosto virado para o céu
Num rosto submerso no pântano
No inútil espanto de um momento.