1.11.13

Vem e vê




alimentar-me de capim 
escola de mim
amasiar-me com cabras
deitar-me lagarta nua
às margens do mar Morto
salvar minha alma  a sua
com o corpo não lavado
das noivas de Cristo
fétido para o abraço místico
que asceta não sente odores
deglute piolhos estercos amores
embebido na bacia dos leprosos
frita o pão bolor da santa 
em óleo fervente dos arcos
del Palazzo della Signoria
qualquer coisa que me faças
pensar na terra visitandina
somente pensar
longe da minha cabeça 
que desce o Guadalquivir
onde lágrimas enchem cântaros
e panelas aderentes de vida
eu!
feto por dentro do cetro
manco cordeiro do calvário das chacotas
reviro palavras nos espinhos do fervor
para falardes com mais pudor
não foi para foder que te amei
mas para servir-me dos teus irmãos
-- a mais bela esposa do vale de Spoleto --
anacoreta das partes pudendas
faço parte dessa circumspicienda
que infiéis chamam de demência
salvo minha alma à sua
lagarta nua filha de Maria
devorando as moscas da Eucaristia
no dízimo de hortelã à lua