21.3.16
As pulgas de Minerva
É na minha morte que coabitarei contigo.
Ela se incha de cerveja,
diz que não vai a manifestação nenhuma.
Que morram todos.
Sente saudade do meu cinismo.
Que quando sou comunista, perco o humor.
Ela me dá tédio.
Mulheres despolitizadas me dão tédio.
Os escritores moralistas.
Chego a ter pena desses fracassados.
As pulgas de Minerva.
Descobri uma ex que frequenta páginas fascistas, digo.
O que eu tenho com isso? Não sou nada.
Aquele eterno olhar de rehab barroca.
A coluna em espiral.
Dancing with herself.
A humanidade ainda respira o tempo da crucificação.
Pelo abdômen.
Peço um Jack.
Voltei a beber semana passada.
Todos são bandidos.
Você não é?
Ela fecha a cara.
A visão digna que cada um tem de si.
O corpo exposto na alta piazza del Campidoglio.
Começo a rir sozinha virada para as luzes da rua.
Eu preciso maltratá-los.
Devia ter nascido um animal de afresco grotesco.
Vingar-me.
Ou.
Envelhecer aos pés da minha dona, chorando.
Pedindo mais um pouco de ração, uma cama seca.
Sem poder levantar as traseiras.
Boto a bandeira vermelha na bolsa.
Mordo o gelo sem parar.
A porta da boate em frente começa a vomitar.
A chuva é doce quando saímos.
5.3.16
O vento tem barulho de praia
o vento tem barulho de praia, ele disse
os monomotores, eu disse
os monomotores
o crack do biscoito polvilho
o pano aberto da barraca
palmeiras secas e hélices de helicópteros
fui acariciar suas costas
e minha mão afundou na areia
Assinar:
Postagens (Atom)