21.2.10

Al levar della luna




Quando eu já nem lembrava mais de sua imagem e som,
você me aparece explodindo na tela dos meus sonhos.
Tão líquida, que dava para ver o fundo. Estamos felizes.
Sua vivacidade nervosa e o rouco sorriso irônico na
boca me contam algo de muito engraçado que lhe
aconteceu. Eu não acompanho. Apenas sigo seus
gestos. É a solidão mais doce. Uma súbita cinza de
cigarro fora da moldura cai em sua pálpebra. Sem
saber o que procura, você esfrega o olho com os dedos
e borra a pele. A cinza se espalha. Vira uma sombra.
Eu sorrio e falo pela primeira vez,
com a minha voz que não entende o que quero dizer.
Está parecendo uma egípcia. Egípcia? Você pula do meu colo,
corre até o espelho e puf! Acordo quando já não é você
que sonhei há pouco. A mulher está só.
Podemos nos ver novamente,
sempre que o esquecimento quiser.


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