7.2.11

Cranberries




Quando ela entrou pela porta da cozinha,

vi em seus olhos que havia acabado.

Perdi o apoio dos pés.

Conversas não adiantariam mais.

Já havíamos moído toda a carne.

Voltei-me para meus amigos.

Eram nove pessoas transpirando álcool numa cozinha abafada

e alguma coisa dentro de mim se aconchegava.

Outra incomodava.

Na sala alguém ouvia Cranberries sem parar.

Ela teria rido de mim se já não me ignorasse.

Todos teriam rido de mim se já não estivessem rindo de outra coisa.

Sem tirar o cigarro da boca, ela abriu a geladeira num impulso motor.

Os músculos de minhas costas trincaram.

A geladeira abraçou-a.

Eu não tive a mesma sede.