a poeta segura o gato
o gato não é namorado
e arranca um botão do seu casaco
a poeta escreve Bonequinhas do Kremlin
o gato arrasta uma casca de salsichão
a poeta ri do sobrenome
da mulher
de Lutero: von Bora
o gato vai à janela pegar um pombo
a poeta quando ri escorrega no botão
o gato despenca
o pombo voa mais alto
a poeta quer um beijo de cinema
nem tão obsceno
nem tão doméstico
um peixe seco
na quilha do barco
um deus ocidental
com cilindro de oxigênio
de longe o gato
ronrona a capella