8.12.13

A mosca




O poeta é a mosca da cabeça branca
que ataca meus tomateiros 

sua pulvurulência branca

de asas membranosas
de boca que pica e suga
a seiva do que não se nomeia
se espalha pelos restos da cultura
formando focos de sobrevivência
perpetuando sua peste
em voos de rinoceronte
apodrecendo feijões
com suas luas estrelas versus rimas
solidão amor coração e morte
flores casa estrada céu e sol
cortinas arco-íris borboletas
chuva lilás lágrimas sorriso (cetim)
ais sim e nuvem muita nuvem
véus ambrosia mel e abelhas 
peito saudade amor e dor
paisagens vertigens paraísos
perfume rosas portas janelas
agonia febre mistério
sentimento azul vazio
ondas pássaros amor amar
amar amar e amar
teus olhos teus olhos (bronze)
vento ventania vinho virtude
mundo solidão longe perto fim

e assim num fim que não tem fim

que foi um ser humano como você
a mosca da cabeça branca
injeta sempre suas palavras-vírus
e migra para lavouras não findas
que essas 
muito mais que lindas
não ficarão