Nasci
no Tijuco, mas poderia ser Bruxelas, no Tijuco de Bruxelas
De algas velhas despedaçadas num canal estreito entre dois mares
Há
dias em que a minha felicidade não passa de um papel úmido
Na
noite de um hotel sujo em que escondo o verso mais completo
Com
a tristeza de águas perdendo o equilíbrio
Da
escuridão da escuridão do dia como aquele dia
Tenho
saudade de tudo perdido nos gastos
Objetos
que leio e me cercam e talvez me servissem
Não
vejo surpresas em coisas que de fato veem a mim
Os
dedos têm algo a confessar e me pergunto se uma noite será o bastante
Para
encher três bacias enferrujadas de manhãs cobertas até o peito
Relembrando
o impacto de um repouso em desordem pelo chão
Sonhando
ao lado de insetos moídos pelo tempo
Eu
nasci no Tijuco e havia papagaios
Havia
o depois
Quase
um tema musical
E a
hora do almoço
O
hoje que corre comigo
Como
as coisas aconteceram
De
passos apertados e uma dor nos quadris
Havia
o Tijuco e o meu cansaço
Suspensos
no convés
Como
um perfume que se repete
Porque
sabe que nunca mais vai voltar
Os
laços de fumaça rodando no travesseiro sob o rosto
Havia
um bicho dentro de mim saltando a bombordo
Daquelas
frases sem sentido e imóveis
Em areias embutidas
Ele
ficará dormindo
Por
onde quer que eu não esteja
Irá
pensando
Ao longe
Se eu
te disser