11.10.14

a mulher do tempo




no inverno, sempre ao meu lado, eu tenho você só pra mim – chá de hibisco, chocolate pelando, sopa genovesa, caldinho de açafrão.

no outono, você na janela com cara de folha seca no breu ainda precisa do meu corpo aceso à baixa umidade do ar.

primavera, entre crisântemos e estefânias, não sei por onde você desabrocha nos temporais ofegantes dos fins de tarde.

no verão, entre pitangas, cajus, carambolas e abacaxis, eu nem lhe vejo, procuro ou acho na cor dos seus olhos, seu corpo iluminado grudado na rede distribui meu calor antes roubado em bolas altas nas areias do Corcovado.

meu amor que o tempo comeu, no próximo junho compre um triplo aquecedor, faça esse favor num magazine da rua do Ouvidor, sai bem mais em conta do que eu.