1.2.15

A carreta de 18 pneus





a carreta de 18 pneus meu corpo gela quando passa por uma carreta de 18 pneus na altura dos olhos os pneus tão perto da cabeça cheirando a asfalto descendo a serra não se tem tempo de olhar a paisagem são os 18 pneus você resfolega junto seca a mão suada na roupa sua calça nova sedosa comprada para aquele compromisso os 18 pneus uma caixa de bombons 18 bombons finamente embrulhados o mais puro cacau com apoio para a cabeça eu lembro de detalhes cada objeto eu queria escrever sobre objetos faço este percurso para falar de objetos o meu novo projeto de dar-lhes outra vida e a carreta passou vai lá na frente e busco alcançá-la outra vez tomar o caminho dos objetos acelero meus 4 pneus não vão conseg não vão mas a carreta é pesada o carro é leve e piso no acelerador até a china a paisagem artificial espera alguma coisa varia de formas e tamanhos sua notícia nos jornais sua boca artefato está seca viajo só a carreta vira a curva do lençol de algodão da infância os lençóis falam por si mesmos eu puxo um pedaço do tecido para cima faço um morrinho e desfaço o morrinho com pressões seguidas do indicador uma mania de criança que me acalma o prazer de olhar para as coisas e seus ângulos e cores cada coisa por si e não nos falamos só trocamos sensações físicas afio minhas facas em casa procuro respostas nos livros não há voz há grafias não há religião há relógios eu era uma garota um prédio uma cama cercada por deus-concreto e portas pantográficas bambas que resfolegavam eu contei as grades lembro eram 18 estou confusa matemática e a sede a sede comigo entramos na reta vai ser mais fácil agora crianças o que têm a perder a mente está no play dos 18 pneus hasta el otro mundo o meu apartamento cheio de objetos em tamanho natural e miniaturas fico pequena outra vez com minha borracha azul que controla a abertura da borboleta e os pneus aumentam de tamanho estou bem perto agora e vou ultrapassar cores de leite azedo a mercadoria a natureza sempre se supera vejo o homem que dirige a carreta suas bochechas tremem inflam balão de aniversário vermelho com potenciômetro vejo um espaço vago ali para um novo objeto eu já parei de gelar e seguro firme o volante tiro o pé do acelerador e o deixo passar tento lembrar de todos os objetos que deixei em casa os objetos que comprarei nesta viagem para o meu próximo projeto de arte material catalogo um por um num sistema fechado do meu mundo amuleto e fico na rabeira do caminhão com excesso de peso e maltratando o asfalto acelero o poder na mão dos homens para mudar o seu destino numa troca de pedais