5.3.15

Seis poemas




Ao ler seis poemas tenho de tomar bastante cuidado.
Ajeito os óculos na ponte do nariz.
Procuro a distância correta.
Recolho as roupas no varal:
O barco estava bem quente.
Hoje foi um dia cheio de gordura. Imenso.
Como uma pocilga bêbada de açúcar e mel.
Mas no fundo do nada há uma cratera de amêndoas.
Só você não vê.
Esquece dos acentos e toma de falar do pai.
Do pai.
Sempre do seu pai & de um pintor famoso.
Chamo de senhor o meu porco.
A paisagem de granizo.
E a minha loucura se curva mais um pouco na cama.
Acendo um cigarro e os ovos saem pelas ruas.
Nada disso faz sentido nem tempestade.
É claro que você tinha de botar deuses nos poemas.
O que seríamos sem deuses, ambulâncias e ninhos de elefantes?