24.3.16

[a passageira de miami]





A Passageira de Miami é um poema policial
fecundado por um abricó
nem um, nem outro
nenhum dos dois
neutro
coisas nem boas, nem más
indiferentes
ainda trissilábico em Plauto
de modo algum
absolutamente não
inspirado na língua arcaica
o que não sabe que ignora
o que sabe que ignora
o que está em estado de não querer
nerto
músculo pequeno
numa noite escura
para que ninguém
para que nenhum
para que nenhuma coisa
venha sempre no começo da frase
olhos dentro da parede automática
eu não me queixo com os anjos
aperto o isqueiro a gás
até ele explodir na minha mão
ofereço o peito um pouco abaixo
da garganta aberta
a passagem do sopro
pelo moscow subway desativado
você tosse outra noite longa
morta entre os mortos
por minha garganta dilacerada
a passagem do ar abate meus inimigos
a morte tem seu lugar certo no corpo