15.12.16

Minotauro





Não há nada tão triste do que ler caricaturas de poesia a esta hora da madrugada.

Talvez haja -- fazê-las.


Não vomito porque não há nada no meu estômago para asceses a esta hora da manhã.


Que sucede? Vestir assim a máscara de poeta até o fim dos dias. E acreditar.  E depender.


E imaginar antes de dormir mais caricaturas para jogar no focinho do mundo.


O meu abatimento é maior do que posso supor.


Mas a poeta está certa.


A poeta não tem embaraços. 


A poesia não tem vergonha.


Fecunda.


Eu é que devia estar dormindo a esta hora da madrugada.


Acompanhando a respiração do cachorro ao meu lado.


E sonhar com folhas de taioba se desmanchando na chuva.


O que não acrescenta nada ao poema. 


O que não acrescenta nada à taioba.


O Minotauro está morrendo.


Toda a América.


E que metade é touro, e que metade é homem?