28.7.17

Minor blues





venho andando pela margem escura 

converso com meu cigarro 

cais do porto 

os passos de minha bota na madeira 

como cerdas de baqueta raspando a pele 

a7 d7 e7 

súbito um brilho de metal na lente 

curvo o corpo 

um gato que olha 

o canivete aberto sujo de vermelho seco 

arranco uma folha de caderno 

limpo a lâmina 

fecho 

guardo no bolso 

o gato corre 

nunca se sabe do perigo 

a guimba se despede com a marola 

o telefone vibra minor blues 

posso amanhecer 

o texto não ilustra a imagem 

não há o que obrigue o coração a tomar banho 

chego no asfalto 

gotas frias escorrem por dentro da camisa 

abastecem o lago cuidar da vida

eu por mim 

vou vender esse cara quando ele morrer