Minor blues
venho andando pela margem escura
converso com meu cigarro
cais do porto
os passos de minha bota na madeira
como cerdas de baqueta raspando a pele
a7 d7 e7
súbito um brilho de metal na lente
curvo o corpo
um gato que olha
o canivete aberto sujo de vermelho seco
arranco uma folha de caderno
limpo a lâmina
fecho
guardo no bolso
o gato corre
nunca se sabe do perigo
a guimba se despede com a marola
o telefone vibra minor blues
posso amanhecer
o texto não ilustra a imagem
não há o que obrigue o coração a tomar banho
chego no asfalto
gotas frias escorrem por dentro da camisa
abastecem o lago cuidar da vida
eu por mim
vou vender esse cara quando ele morrer