23.8.17

O século XXX vencerá (esparsos)



#

enfiar na mochila
um livro
um trapo
quatro cartelas de xanax
por cima, la beretta


#

achei que com meus óculos espelhados
a pessoa ia parar de me olhar 
que nada
como gosta de se admirar

#

your song makes me want to wear all black, 
drink jack daniel’s coffee, 
and smoke a pack of gauloises 
at a run down gas station in butterfield, missouri, 
while I stare coldly at some crude oil stains under my feet



sentindo uma fragrância de patchuli pela casa em horas inusitadas, 

um espectro hippie deve estar tentando se comunicar comigo.


#


conclusão da manhã. hilda hilst era tarada.


#

Olhando demoradamente as Laranjeiras. 

#

De quem era o número de telefone 2913853 que você escreveu em AZUL 0.8 

no índice do meu Mário e que só descobri agora?

#   

Não entendo pessoas que saem do consultório do psicanalista gargalhando 
e tagarelando (entre elas, não sozinhas) como se estivessem no shopping. 
No meu tempo, os neuróticos eram circunspectos e sorumbáticos. 

#

Protestos.

Um povo que troca a carabina por ovo não pode ser levado a sério. 



#


Gosto de leilões de arte e antiguidades. Costumava haver nesta cidade. 
O scotch era liberado: bêbado o público, a carteira afrouxa. 
Eu só arrematava tranqueira. 
Uma bengala para o futuro. 
Uma pintura de uma rua bucólica da velha Innsbruck. 
Um quadro enorme de uma alma torturada e borrada. 
Me apetece o objeto do desejo de ninguém.


#

passeios pirilampaicos



#

"O século XXX vencerá."   (Maiakóvski Veloso)