Sexta 13:00 acordo mais tarde do que uma semana inteira.
desisto de lembrar de um sonho.
3 ou 4 biscoitos puros sem café. um rebuçado com rum.
chove tanto que meu corpo é uma mosca morta.
uma superfície de cerveja choca que largaram no balcão e saí correndo.
um trovão despertou-me às 6 achando que eu me levantaria aos gritos.
14:30 pedestres explicam que se eu descer por aqui toda vida,
darei na champs-élysées. eu não perguntei nada.
descer toda vida dá em qualquer lugar que se disser.
16:30 concluo últimos capítulos.
navego sem direção, pela palavra que me vem à cabeça.
o primeiro tomo de Julio parece ser melhor que o segundo.
sempre espero o máximo de meus autores favoritos. isso não é justo.
ponto 1: rever tolerância enquanto as pedras de gelo se chocam no copo.
18:10 ligar para M e dizer que fechei a tradução.
ligo e desligo porque minha cabeça diz ser sábado.
não tem ninguém no escritório.
às 20:40 contestarei essa info cerebral mentirosa, é sexta sim. xinguei-me.
ligo na segunda.
belo poema de Carver.
He works in the bargain basement of the soul, disse Broyard.
ceia. sigo dietas.
como na frigideira mesmo, simulando acampamentos.
21:15 a voz de B Preciado já está grave em 2018.
casou-se com Paul Preciado como queria. leio fragmentos dispersos.
se tomasse testô,
eu sairia fodendo sem intelectuarreias e logofrotteurismos.
o admirável e-mundo novo quadricula mamilos.
aperto os meus para ver se estão no lugar que mamãe deixou
esperando nove oráculos que eu fosse um rapaz.
"Olhos azuis Cabelos pretos."
a natureza traiu seus planos cinematográficos.
estou bem assim. substituo-me por álcool.
se mexo a peça fantasia para a casa real branca,
não gozo nunca mais e estrago a noite do meu bem.
1:45 troco o curativo.
escovo os dentes com detalhes impacientes.
volto ao primeiro tomo.
ajeito os travesseiros. não chove.
sabe-se lá por que tudo.