8.12.18

Sabe-se lá





Sexta 13:00 acordo mais tarde do que uma semana inteira. 
desisto de lembrar de um sonho. 
3 ou 4 biscoitos puros sem café. um rebuçado com rum.
chove tanto que meu corpo é uma mosca morta. 
uma superfície de cerveja choca que largaram no balcão e saí correndo. 
um trovão despertou-me às 6 achando que eu me levantaria aos gritos. 
14:30 pedestres explicam que se eu descer por aqui toda vida, 
darei na champs-élysées. eu não perguntei nada. 
descer toda vida dá em qualquer lugar que se disser.  
16:30 concluo últimos capítulos. 
navego sem direção, pela palavra que me vem à cabeça. 
o primeiro tomo de Julio parece ser melhor que o segundo. 
sempre espero o máximo de meus autores favoritos. isso não é justo. 
ponto 1: rever tolerância enquanto as pedras de gelo se chocam no copo. 
18:10 ligar para M e dizer que fechei a tradução. 
ligo e desligo porque minha cabeça diz ser sábado. 
não tem ninguém no escritório. 
às 20:40 contestarei essa info cerebral mentirosa, é sexta sim. xinguei-me. 
ligo na segunda. 
belo poema de Carver. 
He works in the bargain basement of the soul, disse Broyard. 
ceia. sigo dietas. 
como na frigideira mesmo, simulando acampamentos.
21:15 a voz de B Preciado já está grave em 2018. 
casou-se com Paul Preciado como queria. leio fragmentos dispersos. 
se tomasse testô, 
eu sairia fodendo sem intelectuarreias e logofrotteurismos. 
o admirável e-mundo novo quadricula mamilos. 
aperto os meus para ver se estão no lugar que mamãe deixou 
esperando nove oráculos que eu fosse um rapaz.
"Olhos azuis Cabelos pretos." 
a natureza traiu seus planos cinematográficos. 
estou bem assim. substituo-me por álcool.
se mexo a peça fantasia para a casa real branca, 
não gozo nunca mais e estrago a noite do meu bem. 
1:45 troco o curativo. 
escovo os dentes com detalhes impacientes. 
volto ao primeiro tomo. 
ajeito os travesseiros. não chove. 
sabe-se lá por que tudo.