12.7.19

Transeúntes



It’s night on the ocean a música que escolhi no café em que você se calou si la fruta está colgando fuera de las cuatro paredes de un jardín pertenece a los transeúntes bato a porta subo os vidros tiro o casaco e jogo no banco traseiro ao lado da caixa com dez livros acendo um cigarro abro o cantil de bolso e choro em Let me drown my pride in the sea sem despejar uma lágrima giro a chave o motor ressuscita sorrindo carbônico deito a cabeça no encosto para a música desaparecer entre cavalos e árvores azuis do Soir dans le parc tortos na parede aperto o play de novo e de novo até o fôlego acabar eu ia pedir outra bebida The tide is with me





2.7.19

Rio seco








A cabeça apoiada em almofadas travesseiros 
não dorme horizontalmente 
como corpos em caixas de sufocamento 
Seu passatempo desenhar cachorros nos cachorros 
Desenhar ruas – caminhos – rodovias – beco 
O mesmo beco onde um rio concretado 
para os seus pais passarem de carro 
leva você a me ver nos bancos de estudos 
acumulados em que me inquieto 
com palavras que não escrevi sob as que escrevo 
num arremesso amassado de três pontos 
e copio copio para avaliações 
notas que concretam o futuro de mais becos 
que você subirá e não olharei você indo embora  
sua fumaça voltando para mim 
por onde por que você me viu e não acreditou 
abriu semanários e acreditou 
abriu enciclopédias e acreditou 
concretou o pensamento com mais pensamento 
e outros carros que passam pelo rio seco  
rodando minha cabeça dormente  
rodando você e seus pais sufocados sob o asfalto 
com trilhas de música caribenha e tosse.