1.7.19

Quase dentro do meu quarto




A casa era pequena. Bem próxima. Quase dentro do meu quarto. Nem precisava de óculos. Dois furos quadrados para janelas, um retangular para a porta. Toda madeira. Varanda em L. Eu ficava esperando alguém entrar, alguém sair. Mas nada acontecia. Ar parado. O céu do lado de fora sem que o víssemos. Idas e vindas de avião desfeita no teu colo como um cão atropelado. Procuravas uma praia para mim. Fugir da tua terra de toda terra. Que a água nos fosse mais leve. Agora entendo por que gosto tanto de turbinas. Botei uma bicicleta na varanda da casa. Bem próxima. Quase dentro do meu quarto. Você não saiu para pedalar. Liguei a tela e o poste de luz acendeu. Casas e bicicletas azul-néon. O filme era maçante e pesado. Continuei esperando na frente da casa olhando as lombadas. A estranha mancha de sangue no quadro de James Dean.