Tomo um café no bar do aeroporto.
Uma vigilante feminina abre espaço
no balcão e pede uma água.
Olha minhas mãos com gula enquanto
vira o copo goela abaixo.
Eu me distraio com a vista
panorâmica da pista.
Não estou armada.
Desço no nono.
Fecho a porta e me jogo na cama com
as chaves.
Pego no sono.
É madrugada quando acordo.
Lavo o rosto no escuro.
A luz do frigobar ilumina o quarto.
Há uma mulher nua na minha cama.
Olho para mim.
Estou vestida.
Faço sinal para o táxi.
Digo duas palavras e entro em
movimento.
Não atendo o celular.
O sol bate dos dois lados.
Fico no meio.
Estrada limpa. Capinada.
Passo por igrejas.
Por um gavião.
Uma boa quantidade de latões de
lixo.
Londres e Sibéria.
Vou até a porteira dos cavalos.
Ganho um beijo no rosto.
Toda a brenha se abre.
São as normas da casa.