9.3.13

Poni in terra e espera in Diu






O celular vibra às 9. A pontualidade interrompe meu jantar. Ao som da primeira flecha, todos os cervos viram a cabeça ao mesmo tempo.

A proposta era irrecusável, e arriscada. Donna,  dannu. Quis dizer  não, mas falei d'accord. Em boca fechada  não entra mosca,  nem bom-bocado. Dois dias para preparar o plano. Depois quem sabe uma cabana no Loire.  E dias de peixe fresco com uma chuva lígure vindo do sul. Ou assim eu imaginava.

Terça. Acabado. A Browning quica na água três vezes como pedrinha de menino. E afunda. O filho de minha mãe babaria de inveja.

Pego a pá no porta-mala. Fora de forma, levo 1 hora suando. Hoje em dia até as portas do Inferno parecem blindadas. Tudo coberto, abro uma Sink the Bismarck triplamente lupulada. Talvez o Loire não seja mesmo lá essas coisas.

Não negocio mais com pérolas e por isso tiro uma soneca. Acabei arrumando um buraco em Durness. Turística, porém vazia na maior parte do tempo. A caverna de Smoo seria um bom refúgio mas ninguém aluga. As focas chegaram antes. A cidade tem uma praia, muita pedra, muitos ventos. É só prender a respiração e se ouve de tudo. Uma toalha estendida, um pedido de socorro, uma sirene de ambulância, um beijo bem devagar. Uma onda de água doce.

A mulher até que era bonita. Seu último olhar parecia estar vendo telhados de casas de uma janela no alto. Foram três segundos. Espero que não me guarde rancor seja lá onde estiver. Queira Deus ou não. Sou muito supersticioso e ando cansado. No bar do centro um sujeito me fala que inventou uma pasta para dentes de ouro. Precisa de patrocínio. Fico dando corda até terminar o cigarro. A Escócia é muito simpática.  E um pouco triste também.