22.12.13

Mario Peixoto











Eu já conhecia alguns poemas esparsos de Mario Peixoto,  autor do filme "Limite", obra-prima do cinema brasileiro. Porém só há alguns meses comprei num sebo "poemas de permeio com o  mar", livro publicado pela Aeroplano em 2002. Como quem me conhece sabe, sou fã de carteirinha de Mario Peixoto. Pois bem, na pág. 189, onde se lê o poema intitulado "Poema Inquieto (A chama e a vela)", o organizador da coletânea coloca um asterisco na palavra "laceado" e abre uma nota de rodapé dizendo "Não registrado no Aurélio". De fato o Aurélio não a registra. Mas, bolas, desde quando uma palavra não registrada em qualquer que seja o dicionário não existe? É poesia, e poetas ou romancistas podem inventar o que quiser. Qualquer um pode inventar a palavra que quiser. Além do mais, foi um erro grosseiro, pois a palavra na verdade existe, é o particípio de "lacear", que significa afrouxar. É de doer. Um dia esse povo ainda publica Grande Sertão:Veredas com as malditas notas. Edição comentada é outra conversa. Algumas obras precisam deste recurso, principalmente as antigas, cujo vocabulário se perdeu no tempo. Tenho uma edição portuguesa comentada dos Lusíadas que é uma beleza. Meu coração se contenta.