Eu queria escrever uma
história para sumir
uma história para sumir entre um acorde e outro de viola da gamba
esvaecida
na frente entalhada, fundo plano e baixa tensão
nada me veria sumir
nem o pio da coruja
nem Iracema no ar parado entre uma Iracema e outra
uma
história para descer do andaime da escritura
com as pernas moles do pensamento sobre o vazio
para
sumir do um que se torna dois, quatro e oito
uma história sentada sozinha na esquina dos sentidos
com uma garrafa de mercúrio evolando no ar
nada nos veria sumir entre os restos de papel