A
sua mãe me comeu.
Com
uma voz que não consegui entender,
ela
fez com que eu a engolisse toda.
Não
foi para isso que fui na sua casa.
Você
não estava.
Eu
sento e espero na sala 40 volts.
O
sofá de pano cheira a cachorro velho.
Tomo
um café gentilmente cedido por mãos brutas e cansadas.
Pelo batom
vermelho que desbota.
Com
a televisão ligada num programa de circo,
ela
ri dos palhaços e me olha para eu rir também.
Que é
preciso matar o silêncio.
Eu
me pergunto onde estará seu pai.
Onde
está você.
Ela
me garantiu pelo telefone que você
estava
no banho e me esperava ansiosamente.
Meu
ônibus não demorou.
No
banco vazio começou a chover.
Fechei
a janela.
Deixei
um espaço para respirar.
Uma
boca mais quente que a sua envolve meu peito.
Caio
em cima do controle remoto e a roda de facas estanca.
Meu
cabelo cheira a cachorro velho,
espalha-se
naquele colo.
O
colo vibrato de mãe.
O
telefone toca e ninguém está em casa para ele.
O
melhor spaghetti que comi na vida foi o de sua mãe,
pensei
nisso quando uma pressão no estômago me fez
gozar
como estou gozando neste exato momento em que
escrevo
estas palavras nos degraus marmóreos do térreo.
As plantas que ela
me dá não eram cuidadas por você.