31.7.17

Cuentame algo aunque sea mentira





  

bababadalgharaghtakamminarronnkonnbronntonnerronntuonnthunntrovarrhouawnskawntoohoohoordenenthurnuk






23.7.17

23 juillet




Acordo todo dia e ela já está no laptop trabalhando na cama. Tomo café e vou olhá-la. Ela ergue os olhos pra mim por trás dos óculos e diz sem falar O que você quer? Eu não quero, quero só olhar pra ela, espero uma palavra que não vem, desolada pego seu maço de cigarro ao lado do travesseiro e roubo um. Acendo. E quero escrever um romance. Saio do quarto, vou pro meu computador com o cigarro dela ainda em meus lábios. Escrevo isso. Não é um romance. Sei que vou parar daqui a minutos. Ouço Pelléas und Melisande. A cinza do cigarro cai na mesa. O cigarro dela está acabando. Já acabou na verdade. Precisamos mudar de bairro. O almoço está pronto, é só esquentar quando a barriga roncar. Reluto em começar a trabalhar. Meus cotonetes. Limpo as cinzas dela da mesa. Beverly Michaels-Wicked Woman não é lá tão atriz, mas tem um traquejo performático anti-Hollywood que me atrai quando diz, I'm sure the old guy is loaded with dough, tira o chiclete da boca e avisa a colega, Baby, sit tight, watch and learn. Uma malandrice hardcore inigualável. Só fez filme B e tem quase a altura de uma porta. Voz grave. Sedosa. Mulher tem de ter voz grave. Não me arrependo desta última frase. Como a voz das espanholas. Paro uns minutos para defecar e penso. Até o final do mês tenho de concluir a preparação dos originais traduzidos do escocês.  E lembro de Joyce escrevendo a sua Nora: Você goza quando caga? Ou você se masturba primeiro e depois caga? Puxo a descarga e sento aqui de novo. Você se esfrega no bico da mesa? No bico do peito dela? E quero escrever um romance. O escocês escreve um a cada dia. Talvez eu devesse cagar menos. Trabalhar menos. Olhar para ela menos. Reinicio Pelléas. Pelléas. Pelléas. Já me foge das mãos o que dizer. O sol lá fora tem o tamanho de um sol. Vizinhos de ressaca gargalhavam quando passei para voltar ao meu quarto. O cheiro de churrasco me dá ânsia de vômito. Você goza quando vomita? Escreva um romance. Momento dramático agora no poema sinfônico de Schoenberg. Sou jogada no espaço sideral. Fico rodando e rodando. Como Pola Negri sonhando na cama em Die Bergkatze. Uma filósofa e psicanalista francesa morreu tentando salvar uma criança no mar. Tentando salvar um catarrento. Não me arrependo desta última frase. Não me arrependo. Não mesmo. A filósofa e psicanalista vai pro céu da França porque tentou salvar um catarrento e morreu. Que vida vale mais? Pro céu da França isso pouco importa. E pro deus do céu da França. Por que para mim deveria importar? A filosofia, a psicanálise, o catarrento, a França. O mar importa. O mar sabe escolher. O mar não quis o catarrento. Mares são sábios. Eu nunca quis um catarrento. E quero escrever um romance. Não, não quero. Eu não sou sábia. E morro na praia. Como uma filósofa francesa. Sem romance. Sem vida. Corpo estendido na areia. O catarrento ao lado dela treme enquanto a mãe, aliviada pela filosofia, o seca. O catarrento tosse e cospe no chão ao lado do corpo morto da filósofa. É verão na França. O catarrento vai depois pedir um sorvete. A filósofa abraça Derrida e os dois vão embora juntos se afastando da câmera como um filme idiota. A trompa faz um solo. 23 juillet. Découvert de la grande comète Hale-Bopp. O grande cometa Derrida avistado no Novo México e no Arizona. No árido e semiárido. Schoenberg está jogando ping-pong comigo. Minha cabeça gira em topspin e cai num vaso de planta. Ouve-se um minueto. Fico quietinha serenade e eles pegam uma bola nova. 23 juillet, escreveu Alain Leroy-Jacques Rigaut no espelho. "Para mim, o protagonista-suicida era um ser de outro mundo, mais distante que um chinês ou marciano." Você goza quando é imbecil? 

La Nuit est transfigurée. O sol é branco. Fecho a página.









21.7.17

O Liuro








Description: --Poemsfrom Byron's Blood and Bone --Riders of the Deadline -- --Platform verse -- --Quarto 8 Ala 10 -- --Dondola palinode -- --Leaving hospital -- --Catharsis -- --Area Under the Curve -- --Bessmertie -- --Barbarismo e realidada -- --E il naufragar m'è dolce in questo mare -- --Never trust anyone who is rude to a waiter -- --The universal pig -- --Country fuckmyballs -- --Making Hey! -- --Question rhyme -- --Insomnia -- --Self-pity -- --The pause of death -- --Lala, não caçoa -- --Poetry can only survive if it has mutable forms -- --A difficult dwarf -- --The hemingway's dildo -- --The needle recall -- --Pela volta do termo Neurastênico -- --The Nhô pressure -- --Death who -- --Malakabeça -- --Spleen -- --The embalmer -- --Walking through cops -- --Planting zen -- --A pint of panick -- --Ich bin allein -- --Desculpe o auê -- --Three miles prank -- --Dead half -- --Parabellum cancelled -- --Apopologies -- --O liuro -- --From Down County -- --Resurrection -- --Sex education at Minerva Hotel -- --Disambiguazoni della Sapienza -- --Thanatos Live Stream-- --Bad aurea proportio -- Poems Down the Lake with Half a Choke -- --Death after death -- --Vestige writing -- --Para os deuses, ele tinha ido para casa -- --Suddenly a secret -- --Full erect leeches -- --The effect Buriti -- --Deadline -- --Rilke did it -- --Moments of trufa -- --Boogie Woogie Rangers 1965 -- --A farm in the high I am not sure -- --The devil's disgrammccarthyism -- --Será que amando eu durmo? -- --The ball kicks kicking -- --Delicious dirty dyke -- --Cedeu-se -- --Strangled prose with galinholas -- --The noistupid -- --Shooting cocks -- --Going back for a shag -- --The past erection -- --Poems from animal shite -- --Pregnant vowels -- --Milking the bull -- --Standard ratio studiorum -- --A farm in New York Philharmonic -- --The Ibizas -- --The big bwana -- --The cattle horror show -- --Second thoughts on Shipspotting -- --In a Saharian woodland -- --Superphosphate -- --Cajamarca phone -- --Five thousand dearest paddocks -- --Vida de santo map -- --The dry asshole -- --Shotgun tells his mother -- --Gestalt boobs -- --Lesbia Arantes do Nascimento -- --The nevertheless -- --Pastoral of a misfit-- --Poems from Up Your Ass-- --The end of the reas' on -- --She sighed for just a sec of melody -- --Allow, Lavinia -- --A note from Sade Station -- --After sharing zuzos -- --The nude and the quiet -- --Faceist parangolé -- --The rock fuckmycunt -- --Noël Coward's rural affairs -- --A half-remembered virtue -- --Bring my mules -- --Alegria de mesa -- --Mind space for drugs -- --European brejo -- --The rabbit at all -- --After a dry martini perhaps -- --Driving through Los Alamos -- --Unspecific anxiety wanting to be -- --Erosion and sanity -- --DJ vu -- --The poet's embalmer -- --Pig Parnaso -- --The cannots -- --A most parasite day -- --The verandah -- --Paguemos o Século -- --Hemos de Ser practice -- --So-and-so's famous poem -- --Getting through a quiet passion -- --The calling of Vaivém -- --Caraça's self-portrait -- --Non serviam -- --Saint Tropez I could understand -- --The new as well as you -- --Little eulogical -- --The slow garden -- --O my shining fannyguns wake -- --Hum penetrators -- --A memorial service -- --The kneel-down pier -- --Dispossessed -- --Bolshevik-Biocosmist -- --Poems from Things to Happen -- --Chiffons de papier -- --The tanga meaning -- --Bucolica -- --The land self -- --Tarsila não pinta "Mais" -- --A decaying form -- --The silvioromeros -- --A Elvira Pagô? -- --Scar horizon -- --The snake in the Lit Department -- --Woman with an axe -- --The exploding snake -- --Nocturno -- --To my dogs -- --Those yabadabadus -- --The klaxon -- --Incipiendum room -- --Her first poem -- --Blood reconnections -- --Diag noses -- --Haematopoietics -- --The sick pencil persevera -- --The last few gays and knights -- --Someone is where the hurt is -- --The poem's embalmer -- --Cyotoxic rigor -- --More light, more light -- --Wordy wordy dummy dummy -- --The excisional moment -- --Tia Melbourne -- --Kabelluda -- --Call it a dripper -- --Elizabethan fellows -- --"But wait" meme -- --Crude -- --Pleasea -- --O mar é acontecer -- --Lalinha, o chumbo do mundo















16.7.17

Poetry an fuel








poetry an fuel

poetry an madness

poetry an muzique

poetry an muteNess

poetry an art

poetry an argh

less poets   more poetry

zoombie poetry




(Believe playing from another room)



vox nihili

animalia 

anarchismus

et

Amelinha & Schoenberg









11.7.17

Inverno




Tem um refúgio gostoso ao lado da casinha do gás.
Do lado esquerdo, um cachorro.
No direito, eu e o outro.
O sol saca em cheio no meu rosto,
quica na parede e me aquece as costas.
Eu fumo, ouço pássaros, 
uma tesoura de poda,
e tomo estas notas. 







8.7.17

Prepare-me





Prepare-me para a morte.
Como se fosse uma festa.
Meu próximo posto.
Uma excursão à China.
O que devo levar na mala.
O que direi no CV.
Traje clássico, casual ou informal.
Devo levar um lanche ou
Uma garrafa de vodca.
Prepare-me para a morte.
Veja.
Eu já trouxe um CD demo.
Só preciso do seu coaching.
Repassemos minhas metas.
Minha sede de evolução.
Minha desmotivação.
Minha produtividade.
A roda da morte: o que falta
para eu atingir os meus objetivos.
Do estado atual ao estado desejado.
Você pode pedir um percentual extra.
Sei que não é sua especialidade.
Mas parte do trabalho eu mesma fiz.
E correr no sentido contrário, você sabe o que é.
Conto com seu desapego e empatia.
Ouçamos meu primeiro método.
Só temos uma hora.






2.7.17

Maricá





Sylvinha Telles e Maysa morreram indo a Maricá
Como se morre indo a Maricá
Uma coisa minha também morreu indo por lá 
Bate sem querer
Bate sem parar
Você diz morrer de uma maneira
Que até parece brincadeira