14.8.18

Sentinela





durmo 3 horas por dia em horários aleatórios quando bate o cansaço e meus músculos pedem misericórdia 

sentada na frente da casa arruinada pelo homem vigio pôr do sol lua escaramuças de nuvens e sombras todos os acessos ao norte sul leste oeste de onde vêm fumaça perfumes uma ak sempre no colo 3 rotts ao meu lado a comida que preparo na bolsa térmica

observo pássaros e seus cantos planto enxerto molho 
tudo é primavera no meu sangue 

se o sono me tortura entro na tenda de dois lugares os cães acordam com meu ressonar e sabem que é chegada a hora de eles caçarem o que há para ser caçado

a arma dentro do saco de dormir a água fresca poemas impressos

um soneto estudantil basta para me acalmar e à cantilena das corujas

no tempo de acordar rastejo até a pedra de observação 

meu ofício é cuidar vigiar proteger nutrir

não ouvir uma palavra mas ler todas

aqui não há por onde entrar sem que eu não veja

nem pelas páginas dos livros

esboços ou croquis ---

movediças

ficção e realidade sei bem

são terras diferentes

da minha emboscada

do pó dessas botas de mulher 

a eletricidade sobe pelo meu corpo

trocamos tiros

chamo vida