24.11.12

Puro algodão




Eu estava com insônia e dali a algumas horas teria um dia muito ocupado. Martelar isso não me ajudaria a dormir. A cama e o colchão foram comprados a longo prazo e o dia ocupado à frente tinha algo a ver com isso. Pensei um minuto. São 3:10 da manhã e se não demorar muito talvez eu possa dormir se não pensar muito em demorar a dormir. Não pensar muito não é o meu estilo, o que também pode demorar. Comprei o lençol errado. Este tem listras azuis e brancas, alta concentração de poliéster. Sigo as listras ora pelo azul, ora pelo branco, entrando no azul, dobrando até o branco e saindo no azul novamente. Paro no caminho para beber água. Sento numa pedra. Se aqui faz sol é porque do outro lado do mundo faz lua. Posso esperar quando o que espero é o esperado. Apanho um punhado de areia. Regulo a velocidade de saída dos grãos dentro do meu punho fechado. Pelas minhas mãos duas horas escorrem em dois segundos. Um barco a remo passa na risca seguinte. Alguém me acena de lá e engulo uma fatia do meu bolo de aniversário de quinze anos. Naquele tempo os lençóis eram puro algodão.