12.11.12

Unha festa no xardín

























Non podría ter un día máis perfecto para unha festa no xardín.
A lua cheia sem uma nuvem. Os homens nos grupos de busca.
O barco se aproximando de Tipasa.
Vai explodir em 15’ 14”.
Daí ela pensa no futuro e nas amígdalas.
O que causa o futuro?
Como acabar de vez com ele?
Unha anestesia xeral pola mañá.
Um minuto antes de os espondeus se transformarem em patas,
ela me pede que verta o Canto 47 para o grego. Sem decantar.

Τι έχει σκοτώσει το μυαλό άθικτο
Αυτός ο ήχος προήλθε από το σκοτάδι
Μπορείτε να ακολουθήσετε το μονοπάτι στην κόλαση

Não é “o que matou”, é “o morto”. Olha, eu não completei o curso e também você pediu sem decantar. O honorável Brer Rabbit era cropofílico, não vai abrir o túmulo pela traição de uma merdinha à toa. Napoleônico não é o meu modelo de vida. Você acha?, ela suspira. Vê a maré baixar e já não consegue dizer uma palavra. A língua grossa de pelos. As velas tremulam em minha mesa esperando não sufocar. Impacientes hoje. Interpreto seus grunhidos tão conhecidos: Me sinto tão só. De uma solidão entalhada na natureza. De uma corrente com bola de ferro. Ela recosta, suas garras imortais raspando o verniz da arca. Logo estará falando da infância nos pântanos de Calcutá, atravessará uma porta e quando voltar será o presente de novo. Uma mulher. Um verão quente em Pequim. Eu descanso os ouvidos. Estamos salvos. Ela não quer a minha morte, acha que eu não preciso morrer porque de certa forma já estou morto. Mas sou capaz de farejar a sua fome. A maldição sob os pensamentos mais leves. O fogo subterrâneo da palha. Não me pergunto sua idade. Para mim tem seis meses, o dia em que a conheci. Sem tempo, sem amigos, sem perguntas. Todas já lhe viraram as costas. Andamos juntos os dois. Faço o que ela pede, manda ou roga. Não imponho condições, nem ajusto parágrafos em minha mente. Inútil dizer por quê. O boi avança cego para o matadouro. Ou para as estrelas. E um dia começa a cantar.