O poema é um nó do vento
que no meio da rua a menina
e o cão contornam sem
pressa.
De uma varanda o velho
observa
os carros subindo e
descendo
a ondulação acima da mão.
O velho já não enxerga direito
se o vestido branco manchado
é a orelha do cachorro
ou um barco a galope
num rolo de fumaça,
se é um vilarejo a noite de
faróis
que acordam a fachada das
casinhas
ou um deserto de cavalos
a poeira que levantam.
O rio escorre às suas costas
de um azul em que nada acontece.