1.6.18

Paraísos artificiais a seco











Sobrou alguma coisa para morrer? 
Quando é que as pessoas não falam de si mesmas? Soube que inventaram até umas redes para ficarem falando ainda mais e mais à distância, sem que ninguém lhes perguntasse porra nenhuma, que inferno. Milhares de rostos banais num só dia rebocados por um caminhão guincho sem freios. Por que não param agora e vão dormir? Idiotas do caralho. Aqui onde estou é a mesma merda. Pior, não tem vinho nem hipódromo. São paraísos artificiais a seco. Parece uma sala. O ventre leitoso de uma aranha. Parece um poeta vazio. Uma nota de 20 dólares. Um clipe de papel. Nada sobrou para me comerem. Minha alma é de algodão e unha do pé. 




(mensagem do velho Buk que psicografei entre uma dose e outra de Benadryl)