5.7.18

Um desembarque na Normandia





Um desembarque na Normandia. Aqui. Um porta-aviões gigantesco e moderno  à esquerda com naves de combate ao lado fechando toda a baía e se aproximando. Eu estava na praia a uma certa distância, de frente, vendo tudo acontecer. Uma bela e assustadora cena de filme. Cores fortes puxando para o verde-escuro meio fora de foco, uma pintura, o porta-aviões se destacando de tudo a sua volta. Corri para dar o alarme. Todos começaram a gritar de pavor. Uma invasão militar. Voltando ao meu posto de observação, vi caminhões blindados cor de areia estacionando e abrindo suas portas laterais. Dentro, penduradas em cabides, várias camisetas cáqui com estampas esverdeadas dos Rolling Stones. Diferentes de tudo que já vi. De um tecido estranho, mais rijo. Não era uma invasão afinal. Pelo menos não militar. Fui até o caminhão para ver aquelas camisetas que chamaram tanto minha atenção. De perto, não eram a mesma coisa. Eram camisetas vagabundas. Esbeiçadas. Os vendedores eram arrogantes e grosseiros, como costumam ser os de butiques finas. Fui reclamar com a funcionária do caixa que não me deu a menor atenção. Baixei o tom para um marxismo adágio em sol menor e disse que entendia por que eles eram assim, por serem mal pagos, explorados e sinônimos. Ela sorriu confirmando e tudo ficou bem. Corte. Anotei para não esquecer o sonho. Não havia trilha sonora. 
Quarta-feira.