Já ateou fogo às próprias roupas?
dentro delas, ou segundos depois de sair, que seja.
Leio versos de poetas dizendo sim, mas são versos.
Impossível saber se correspondem à verdade.
Podem até ser de boetas, os bots que hoje andam fazendo boetry.
Queimei-as em um canil vazio para não espirrar na casa sem posse.
O tecido demorou a arder, quem sabe pouco o combustível da pele.
Nenhuma sensação de perda, só aliviamento.
Os olhos pregados na acanhada labareda com fascínio.
Zona da Mata, a 120 quilômetros da cadeira em que me sento agora.
O cigarro queimado sobre a mesa.
Ao chegar aqui incendiei cartas de amor.
Para que nada reste.
Apenas as mãos abafando as vestes em meu corpo.