25.12.13

Amor de mãe



Querida mãe


Como chove. Espero a chuva passar para lhe comprar meus presentinhos de Natal. Não esquecerei das suas vacas, mamãe. Elas também são filhas do Altíssimo. Mas como o dinheiro anda curto, meus regalos a todas não passarão de 2,99. Não esqueci da sua roçadeira, mas por enquanto acho que só poderei lhe dar um ancinho. Não vejo a hora de poder abraçá-la neste Natal. Ainda não entendo por que a senhora precisa morar tão longe dos seus filhos e netos. Nessa casa tão fria e solitária. A vovó, que Deus a tenha, deve achar que não cuidamos da senhora. Pena que não possa morar conosco, a senhora sabe que aqui é tão pequeno. Não cabe mais uma cama, que dizer vacas. Falando nisso, o Aliomar manda beijos, os meninos também. Na verdade o Norinho está febril há dias e acho que não passaremos o Natal com a senhora. É tão triste isso, nossa família desunida nesta data tão bonita. Eu mesma me sinto fraca sem meus biotônicos. Afora isso, temos muita saudade e lhe desejamos um Feliz Natal. Da sua filha que te ama

Odete









Laura, minha filha, a roçadeira eu já comprei. Deixe o espírito da sua vó em paz que onde ela está já não acha mais nada. E não se preocupe comigo: eu odeio Natal. As vacas estão bem e desejam a todos um Feliz Natal.

P.S. Tem notícias da Odete, aquela vagabunda da sua irmã?

Com amor da sua mãe