19.8.15

pequenos comas sequenciais induzidos por barbitúricos





Por que não calam a boca?
Por que me dão notícias tristes?
Esse cheiro de carne aberta sobre a terra
de rio fundo
de pequenos comas sequenciais
induzidos por barbitúricos
castelos de mesa de cabeceira
com 32 carneiros de alma e nervos
pense
na Glock engatilhada como
um animal difícil de domar
esse cheiro de ainda somos
de filtro de barro pingando
no armazém do cais do porto
de coisa nenhuma
suas costas suadas
a pele de Pérgamo
de 2 horas e quarenta
os pequenos compromissos
o diário insolúvel
essas coisas aqui escritas
depois de quinze anos
de consideração social
ah sim, a consideração social
de lealdades arrastadas por inércia
batendo no alambrado
de falta de dinheiro para comprar
pilha para o meu papagaio
de só um pouco mais
lá é o mundo, você não precisa ir
de coisa alguma
depois mais nada
de uma prensa de uvas
para quem não tem paciência
com caracteres de chumbo
esse cheiro de vamos ficando
de sinos enferrujados
cronometrando o querer
Por que não calam a boca?
Por que não cobrem os microfones?
se o rio fundo parecia calmo