poemas inflados de gás
são para dias de espetáculo
escrever é um autoflagelo
amputar-se na trincheira do indizível
anular o ego para desbloquear a percepção –
carroça sem cavalos –
cozinhar limpar remendar
notas desenhos partituras
extrair uma bala do tamanho do Mississippi
deixar passar o macabro comboio de bandeiras
guardar laranjas e caramelos
aceitar
palavras que não casam – vivem juntas
tirar-lhes um retrato e pôr no papel
o cérebro – alto-mar – enfim se esvazia
mas nunca as envia
metade de uma parte
entre chapas de identificação do peito