Não
deixa eu saber que existes
e estás atrás de mim
por onde quer que eu vá.
Tenho poucas
lembranças mas em uma delas tu te acoitas.
Com teu vocabulário
certeiro
teu raciocínio
coeso
tua fome de
saber
o codinome miserável
que me destes
e não ouso repetir
porque seria pior.
Não houve revolução e
és avó.
A Nova Ordem é
ordem.
O Novo Mundo é
mundo.
O Novo Tempo é
tempo.
Ando pelas ruas a
olhar para trás do mesmo jeito.
Não deixa eu te
localizar nas sombras do meu medo.
Não faze de ti um
alvo.
Eu sabia atirar melhor
porque sabes.
Eu sabia escrever
melhor porque ensinaste.
Não deixa eu fazer de
ti meu último panfleto.
Quando eu olhar tua
foto no visor,
reza para eu não
lembrar do codinome.
Para eu não lembrar do
teu amor.