Cuida de mim como de um cachorro.
Me dê um canto para ficar com água
de beber.
Meus panos.
Meus panos.
Meus papéis. Assino o que você quiser. Caso.
Tudo o que
eu tiver será teu.
O de menos. O de mais.
O de menos. O de mais.
A procuração. A propriedade. O
dinheiro.
Me deixe quieta.
Com minha bola azul. Meu sangue sobre o que
aconteceu.
Ponto final em vez de vírgula.
Deixa a comida na mesa, toque o sino
onde a casa começa.
Eu acharei o caminho pela trilha de ossos calcinados,
pelas
cruzes de galhos apodrecidos do sono que enlouqueceu.
Eu posso rir, posso
brincar, abanar o rabo para você.
Me faça um carinho. Coce a barriga. Mergulhe-me
no rio.
Tira minha coleira para eu poder ver teus lábios como são,
tua vida
como não sinto.
E submersa, olhos lavados sem desespero,
minhas patas molhadas
esmagarão cracas, moluscos e algas.
O cálice da infância.
Cuida de mim como de
um cachorro.
Apaga a luz.
Não enxergo bem na claridade.
Farejo.
Faço companhia.
Mato estranhos para te proteger.
E isto me comove.