12.5.20

Alma Ata




é minha companheira de viagem
o terno branco
o ópio
o animal na fronteira
este animal
que
preciso ultrapassar-me
saltar a campa encerada
é minha companheira de viagem
amêndoa
cólera
a rua seca em que piso
sombreada de monumentos
a carne esganada pelo bronze
subitamente o rosto
é minha companheira de viagem
o pulso rápido da cortina do hotel
a poltrona fora de jeito
o crânio do cavalo que abraço
e fugimos com minhas patas
por seis dias e sete noites
formando um anel no mapa da terra
e cinquenta graus abaixo de zero
nossas gargantas paralelas
encarniçadas
abrindo uma esteira ensanguentada
até Alma Ata.