TARDE
que esqueceu como era o céu.
Suspeitavam da mulher
que usava a bolsa tão perto de si
como um braço numa terceira manga preta.
Mas quando se sentou naquela tarde
na praça para esperar a morte
ela lembrou do céu e do marido.
E esperou. Sem olhar para cima.
Sua intimidade agora era a noite
que deslizou dentro dela
e usou-a como uma luva.
(Trad. Maira Parula)