26.11.14

Feira de Desgraças





Frank esta noite ficou sozinho.

Como em todas as outras noites.

Mas não como esta.

Esta noite ele não iria beber. 

Nem reler os mesmos policiais de capas manchadas. 

Nesta noite ele se arrumou para ver a Feira de Desgraças. 

Estava cansado de detetives, luvas e louras platinadas. 

De revólveres, neblinas e vielas escuras de Chicago.

A exposição tinha vários stands espalhados pelo Calumet Park.

Dentro de cada stand há uma mulher que sofria algum tipo

de infelicidade ou mazela, descritas do lado de fora em cartazes.

Chorosa, numa mesinha, cada mulher esperava que os visitantes

se sentassem ao lado dela e lhe oferecessem solidariedade.

Uma palavra de conforto.

Um aperto de mão.

Um copo d'água.

Havia um prêmio, Frank leu no folheto.

A mulher mais desgraçada, escolhida pelo público, sairia vitoriosa.

Que prêmio era esse, ninguém dizia.

Se os infortúnios eram verdade, ninguém sabia.

Frank só podia imaginar.

Sob a chuva fina, aguardava sua vez na fila do stand 7.