dedico estas cinco horas da manhã à coisa
cinco horas da manhã envoltas em papel celofane
amarradas com fita vermelha em laço
entregues na porta de sua casa
no silêncio exato do pequeno almoço
na fresta entre três e quatro
um cartão com uma coroa de versos mistos
sem a assinatura de tudo que passou comigo.
a coisa desancora
regurgita sete passos até à porta
recebe o maço das cinco horas
dispensa gorjetas
procura um vaso
desmancha o laço
uma das horas cai
de sua mão já fria
prendo um elástico nos cabelos
e saio para a aula de química
na música que se faz agora