20.6.15
Wislawa Szymborska
Um terrorista: ele observa
A bomba explodirá no bar às treze e vinte.
Agora são só treze e dezesseis.
Alguns ainda terão tempo de sair.
Outros de entrar.
O terrorista já se postou do outro lado da rua.
Essa distância o protege de todo mal
e acontece como no cinema:
Uma mulher de casaco amarelo: ela entra.
Um homem de óculos escuros: ele sai.
Uns jovens de jeans: eles conversam.
Treze e dezessete e quatro segundos.
Aquele baixinho tem sorte, ele sobe numa moto,
mas aquele mais alto entra.
Treze e dezessete e quarenta segundos.
Uma menina: ela passa de fita verde no cabelo.
Só que um ônibus a encobre de repente.
Treze e dezoito.
Já não vemos a menina.
Se ela foi burra de entrar, ou não,
isso veremos quando tirarem os corpos de lá.
Treze e dezenove.
Agora parece que não entra mais ninguém.
Em vez disso, um gordo careca sai.
Mas parece procurar algo nos bolsos e
faltando dez segundos para as treze e vinte
ele volta para buscar suas malditas luvas.
São treze e vinte.
O tempo, como custa a passar.
Vai ser agora.
Ainda não.
Sim, agora.
Uma bomba: ela explode.
(trad. Maira Parula)