29.4.20

Quase tudo é tarde




A formiga 1 passou uma informação para a formiga 2 que não pude ouvir.

A praça está vazia. Não sei aonde foi parar todo mundo. 
Agrada-me. 
Posso ouvir melhor. 
O sol forte me conforta. 
Qualquer rua é a descoberta do mar. 
Abro braços e pernas e me entrego. 
O banco é só meu.

A essa altura a informação já chegou nos subterrâneos. 
Uma pequena equipe de formigas entra e sai do buraco. 
Elas diminuem a cada dia.

O mato toma conta da praça. 
Daqui a pouco não poderei ver o que fazem, escutar o que dizem. 
Será inútil gritar. Quase tudo é tarde. 
Ser sozinha também.

Luiza vai me dar um pedaço de sua raiva se eu não voltar com notícias da cidade.

Eu só saio de casa por amor.