Um bebê chorando.
Sempre ouve um bebê que chora
quando o pequeno vazio entra no
quarto e a carne dele, ainda mole,
ainda débil,
sente o seu gosto por dentro das grades
sem distinguir bem as partes.
A piedade se aprende na porta de casa.
Não se importa se há alguma verdade nisso.
Toma-a pela mão.
Ela entra nele e o sol nasce logo adiante no papel.
Há uma certa distância entre ele e o modelo idealizado:
a lua em um espelho vindo de ônibus do colégio.
Mas ali estava um garoto enojado,
de natureza intraduzível,
deitando com as futuras filhas.
E elas obedecem, sabendo calcular.
No vazio que abriram, a semente
de uma nova raça se vestirá como os outros
e ela estará ali para recebê-los
pelo preço de uma nova criança que nasce.
Para aliviar a carga do cavalo.
Para recolher o fruto maduro.
Por isso era a mais amada de seus irmãos e irmãs.
O garoto se lava e vai colorir
cabeças no caderno de desenho,
depois desenha uma praça,
uma rua,
um beco,
um quarto estreito,
o café da manhã,
tocando as figuras
para transformá-las
umas nas outras.
Ela não se sente enciumada,
os meninos precisam de todo
o seu tempo em gotas de cera desiguais.
Haverá de ser um grande homem.