16.12.12
3 poemas de Vasko Popa
A caixinha
A caixinha ganha seu primeiro dentinho
E crescem sua pequena altura
sua pequena largura seu pequeno vazio
E todo o resto que ela tem
A caixinha continua crescendo
E o armário que a continha
Agora está dentro dela
E ela cresce mais e mais e mais
Até conter a casa a cidade a terra
E o mundo onde antes estava
A caixinha lembra de sua infância
E pela força da saudade
Torna-se caixinha outra vez
Agora tens na caixinha
O mundo inteiro em miniatura
Podes levá-lo no bolso
Roubá-lo facilmente perdê-lo
Cuida bem da caixinha
O número esquecido
Era uma vez um número
Puro e redondo como o sol
Mas sozinho muito sozinho
E começou a calcular consigo
Ele se dividia se multiplicava
Se subtraía se somava
E sempre acabava sozinho
Deixou de calcular
E se fechou em sua redonda
E ensolarada pureza
Lá fora ficaram ardendo
Os traços de seus cálculos
Que começaram a se perseguir na escuridão
A se dividir em vez de multiplicar
A se subtrair em vez de somar
Como acontece na escuridão
E não havia ninguém a pedir
Que os traços parassem
Ninguém que os apagasse
Últimas notícias sobre a caixinha
A caixinha que contém o mundo
Caiu de amores por si mesma
E concebeu
Outra caixinha
A caixinha da caixinha
Também apaixonou-se por si
E concebeu
Mais uma caixinha
E assim foi sem parar
O mundo da caixinha
Devia estar dentro
Do último rebento da caixinha
Mas nenhuma das caixinhas
Dentro da caixinha que se amava
É a última
Vamos ver se descobres o mundo agora
(Tradução Maira Parula, 2012.)