Envelhece-te
como
os móveis
apodrecem
por dentro
o
freezer de ferrugens
envelopado
de Mondrian
e do
retrato do teu pai
esfregando
as mãos
Envelhece
e refestela-te na cama
os
dois parados conversando
com
os mosquitos presos na tela
os
braços do relógio
que escurecem
os dias
Fuma
um cigarro para a rua
vagamente
uma
cozinheira saiu com o vento
cantarolando
Envelhece-te
e deixa no fim
que o
retrato frio do teu pai
deite
um pouco de canela
entre
nós folheados de maçã